sábado, 19 de julho de 2008

Lição de vida: Nunca dependa de ninguém.

Cara, nessa vida não se pode depender dos outros. Mesmo. Eu já sabia disso, mas nada como vivenciar, realmente sentir na pele aquilo que é óbvio e que, nem por isso, deixa de ser péssimo. Calma, não estou falando dos atores, de forma alguma. Eles foram mais que sensacionais, mas logo mais eu falo deles. Por enquanto quero falar de um cara que, pelo pouco de respeito que me sobrou, prefiro não falar o nome. Estou falando do técnico de som, um cara que me foi indicado por uns amigos e que, aparentemente, estava interessado em ajudar nas gravações. Só na hora que eu fui ver que o cara estava pouco se f******.
Marquei com o cidadão ao meio-dia no metrô. "Você me liga quando chegar lá?", disse o pobre desiludido diretor. "Sim, pode deixar que eu ligo", responde o traiçoeiro técnico de som, com um sorriso sutil por trás da tela do computador. No dia seguinte... Meio-dia. Nada. Meio-dia e meia. Nada. À uma hora da tarde o desesperado diretor, que não consegue falar com o técnico por telefone de forma alguma, liga para os amigos que o indicaram e pede que liguem para ele. Bom, vamos nos virar como podemos. Comecei a gravar sozinho com os dois atores, fazendo malabarismos para captar o áudio decentemente, além de operar simultaneamente duas câmeras, acertar a iluminação e dirigir os atores. Aliás, aqui vai uma dica pra quem quiser fazer as mesmas loucuras que eu: quer poupar dores de cabeça, tempo perdido e estresse acumulativo? Simples! Chame bons atores! Foi o que eu fiz. Mas espera, calma, eu vou falar deles já já, quero primeiro reclamar do outro cidadão.
Então... o cidadão. No meio da gravação, o malabarista diretor recebe uma ligação do senhor cidadão, avisando que estava no trabalho, querendo saber até que horas íamos gravar. Sim, claro, pois o diretor não havia dito nada pra ele de que íamos gravar em três locações, nem que a gravação ía até às 20h, nem mesmo havia passado o endereço da primeira locação, da mesma forma como o sol não brilha e a Terra é comandada por malditos chimpanzés cabiludos. Sim, cabiludos. O esperançoso diretor solicita amigavelmente que o senhor cidadão retornasse a ligação ao sair do trabalho. Aliás, a segunda locação dependia intrinsicamente da presença do técnico de áudio e, ademais, de seu carro. Duas da tarde, três da tarde... Nada. O pobre diretor, assim que de súbito, desencana., e continua gravando.
Ok, esse post já ficou gigantesco, de forma alguma que alguém vai ler o que eu escrever a partir daqui, então vou falar da parte positiva da diária no próximo post.
Mas enfim, pra resumir, não se pode depender de NINGUÉM, e sempre ter um plano B. Isso é algo que o diretor Marcelo Galvão sempre diz, e ensina a todos que trabalham com ele. Aliás, ele até criou um documentário cujo nome é, nada mais, nada menos, que "Plano B - Como Fazer um Filme Sem Grana no Brasil". A partir de agora, nada de ficar sem plano B, senão fico extremamente cansado, sem ter necessariamente gravado muitas cenas. O esquema sabe qual é? Ter grana. Aí eu pago todo mundo e ai de quem reclamar ou faltar. Ah, e faltar num esquema "voluntário" é uma coisa. Agora, quando rolar grana, vai faltar no meu set, vai. O nome não vai mais ser simplesmente cidadão... Disse o putíssimo diretor.