sábado, 19 de julho de 2008

Mudando de assunto...

Agora é a hora de falar do lado positivo da última diária. Pra quem não sabe do lado negativo, vide post abaixo.
Ontem, dia 18/07, gravamos algumas cenas bem bacanas do filme! Não foram muitas cenas, mas foram cenas um tanto longas, com bastante diálogo. Primeiro gravei com os atores Fábio Glingani e Renata Gaspar, o casalsinho da história, e depois com o triângulo amoroso, que incluem os dois supramencionados mais o Alexandre Tigano.
Olha, vou te falar... eu amo meus atores. Estou pronto pra pedir todo mundo em casamento! A galera é muito boa! Muito boa! E sabe o que mais? Eles não percebem!!! Você vê claramente no jeito deles que eles simplesmente não sabem o quanto são bons! Lá estou eu, me segurando pra não cair na gargalhada durante um diálogo bem-humorado, evitando chorar em uma cena mais romântica, e ao final da gravação eles vêm me perguntar se acharam que ficou legal! Eles não percebem que é óbvio que ficou legal, eles mandam muito, muito bem.
Já gravei vídeos com uma galera ruim, mas ruim pra valer. Nomes não importam, o que importa é que eles eram ruins. Não sou eu falando isso, é um ruim que chega a ser óbvio na primeira sílaba do texto, sem brincadeira. E cara, dá um trabalho... uma dor de cabeça ferrada, gasta um tempão desnecessário e o resultado fica uma bosta. Aliás, bosta eu posso falar porque não é palavrão, é nome científico para fezes bovinas.
Aí eu chego e começo a gravar com uma galera orgasmicamente boa. Cara, é um tesão... Desculpa, mas o termo é esse. Eles me matam desse jeito! Um dos pontos altos desse filme vai ser, certamente, a interpretação do elenco. Eles já são excelentes sozinhos, aí você junta todos e vê como a química entre eles é sensacional, e conseguem ficar ainda melhores! Amo todos! Todos!!!
Fora isso, apesar dos pesares, correu tudo bem na gravação. Acabei de assistir às mais de duas horas de material bruto gravado ontem, e fiquei muito satisfeito com a coisa toda. Durante a gravação algumas coisas que não me pareciam muito boas ficaram, na realidade, bem legais. Alguns takes que gravei à noite, por exemplo, me pareciam estar com uma qualidade de imagem muito baixa, muito escuras, já que a iluminação realmente não era suficiente e não tinha como ligar luminárias. Mas assistindo eu percebi que a imagem está com uma qualidade muito boa, nada que um pouquinho só de tratamento na pós-produção não resolva.
No geral, estou extremamente satisfeito, e o filme está ficando duca. Está tudo indo tão bem que estou até com medo de dar uma merda gigantesca que acabe com todo o trabalho. Tipo desmagnetizar as fitas por deixar perto do celular, ou um terremoto que afunde o meu prédio, onde estão as fitas, ou que algum ator me dê um bolo pra ir ver o novo filme do Batman... pô, ainda não vi o novo filme do Batman.
...Fui!

Lição de vida: Nunca dependa de ninguém.

Cara, nessa vida não se pode depender dos outros. Mesmo. Eu já sabia disso, mas nada como vivenciar, realmente sentir na pele aquilo que é óbvio e que, nem por isso, deixa de ser péssimo. Calma, não estou falando dos atores, de forma alguma. Eles foram mais que sensacionais, mas logo mais eu falo deles. Por enquanto quero falar de um cara que, pelo pouco de respeito que me sobrou, prefiro não falar o nome. Estou falando do técnico de som, um cara que me foi indicado por uns amigos e que, aparentemente, estava interessado em ajudar nas gravações. Só na hora que eu fui ver que o cara estava pouco se f******.
Marquei com o cidadão ao meio-dia no metrô. "Você me liga quando chegar lá?", disse o pobre desiludido diretor. "Sim, pode deixar que eu ligo", responde o traiçoeiro técnico de som, com um sorriso sutil por trás da tela do computador. No dia seguinte... Meio-dia. Nada. Meio-dia e meia. Nada. À uma hora da tarde o desesperado diretor, que não consegue falar com o técnico por telefone de forma alguma, liga para os amigos que o indicaram e pede que liguem para ele. Bom, vamos nos virar como podemos. Comecei a gravar sozinho com os dois atores, fazendo malabarismos para captar o áudio decentemente, além de operar simultaneamente duas câmeras, acertar a iluminação e dirigir os atores. Aliás, aqui vai uma dica pra quem quiser fazer as mesmas loucuras que eu: quer poupar dores de cabeça, tempo perdido e estresse acumulativo? Simples! Chame bons atores! Foi o que eu fiz. Mas espera, calma, eu vou falar deles já já, quero primeiro reclamar do outro cidadão.
Então... o cidadão. No meio da gravação, o malabarista diretor recebe uma ligação do senhor cidadão, avisando que estava no trabalho, querendo saber até que horas íamos gravar. Sim, claro, pois o diretor não havia dito nada pra ele de que íamos gravar em três locações, nem que a gravação ía até às 20h, nem mesmo havia passado o endereço da primeira locação, da mesma forma como o sol não brilha e a Terra é comandada por malditos chimpanzés cabiludos. Sim, cabiludos. O esperançoso diretor solicita amigavelmente que o senhor cidadão retornasse a ligação ao sair do trabalho. Aliás, a segunda locação dependia intrinsicamente da presença do técnico de áudio e, ademais, de seu carro. Duas da tarde, três da tarde... Nada. O pobre diretor, assim que de súbito, desencana., e continua gravando.
Ok, esse post já ficou gigantesco, de forma alguma que alguém vai ler o que eu escrever a partir daqui, então vou falar da parte positiva da diária no próximo post.
Mas enfim, pra resumir, não se pode depender de NINGUÉM, e sempre ter um plano B. Isso é algo que o diretor Marcelo Galvão sempre diz, e ensina a todos que trabalham com ele. Aliás, ele até criou um documentário cujo nome é, nada mais, nada menos, que "Plano B - Como Fazer um Filme Sem Grana no Brasil". A partir de agora, nada de ficar sem plano B, senão fico extremamente cansado, sem ter necessariamente gravado muitas cenas. O esquema sabe qual é? Ter grana. Aí eu pago todo mundo e ai de quem reclamar ou faltar. Ah, e faltar num esquema "voluntário" é uma coisa. Agora, quando rolar grana, vai faltar no meu set, vai. O nome não vai mais ser simplesmente cidadão... Disse o putíssimo diretor.